domingo, 28 de março de 2010

Benfica - Braga - Análise e Opinião

Foi-me difícil ver este jogo. Não por causa de quaisquer dificuldades extremas que nos tenham sido colocadas pelo clube dos bacorinhos (se na casa mãe são porcos, parece-me natural que aqueles que os imitam e tentam ser como eles sejam bácoros). Sporting Clube de Bácoros assenta-lhes que nem uma luva. A Domingos, Salvadores, Mesquitas e ao resto da vara. O que tornou mais difícil para mim ver este jogo foi mesmo o sentimento de profunda injustiça por a nossa equipa, que tem jogado futebol como há muito não se via, que tem dominado esta liga, que tem exibido uma superioridade incontestável por qualquer um que não seja cego ou o Eduardo Barroso, ser obrigada à ignomínia de ter que, nesta fase do campeonato, jogar um jogo decisivo para a atribuição do título contra uma equipa do nível da dos bácoros, orientada por um fuinha como o Domingos, que se esforça para mostrar estar fora dos campos ao mesmo nível rasteirinho que exibia dentro deles.

E a diferença entre as duas equipas foi bem evidente no jogo desta noite. De um lado, uma equipa interessada em vencer. Do outro, uma equipa remetida ao seu meio campo, interessada em não deixar jogar e em segurar o empate a todo o custo. A carreira dos bácoros neste campeonato tem estado assente na organização defensiva, vencendo diversos jogos pela diferença mínima, e esta noite fizeram apelo a toda essa organização para tentarem sair incólumes do Estádio da Luz. A tarefa do Benfica, que apresentou como única alteração ao onze base a presença do Carlos Martins no lugar do Aimar, era conseguir furar uma defesa que era constituída quase sempre por dez jogadores atrás da linha da bola, com linhas muito juntas, e que tentava aproveitar qualquer livre arrancado por um eventual mergulho do Alan para conseguir chegar perto da nossa baliza. Não foi uma tarefa fácil, até porque o Benfica não esteve numa noite brilhante.

A primeira parte foi quase sempre passada no meio campo dos bácoros, com o Benfica a ter uma posse de bola esmagadora, mas insistindo demasiadas vezes pelo centro, onde aparecia quase sempre um pé ou uma cabeça a interceptar os passes. No ataque, o nosso adversário foi simplesmente inofensivo. Apenas nos referidos livres chegavam perto da nossa área, mas até neste aspecto pouco fizeram, já que os livres foram invariavelmente marcados de forma desastrada. A melhor oportunidade de golo da primeira parte acabou por surgir de um erro de um defesa adversário, que com um mau passe isolou o Saviola, mas este esteve muito mal na decisão que tomou de tentar fintar o guarda-redes, e a ocasião perdeu-se. Cardozo e Saviola também ameaçaram, mas o golo estava difícil de alcançar. E só chegou mesmo sobre o intervalo. Foi numa sequência de dois cantos a nosso favor, na direita do ataque, com o segundo a ser marcado de forma curta. O Carlos Martins fez o centro para um cabeceamento do Javi García, que levou a bola a embater no Luisão e a ficar-lhe nos pés, muito perto da pequena área, tendo ele então rematado de pé esquerdo para o fundo da baliza. Mais uma vez Luisão, o homem dos golos decisivos nos jogos decisivos, a surgir na altura certa para nos levar em vantagem para o intervalo.

A entrada do Benfica na segunda parte foi, como se esperava, boa. A equipa parecia decidida em marcar o segundo golo e resolver cedo o assunto. Apostando mais em jogar pelos flancos, o Benfica conseguia abrir mais espaços nas costas da defesa adversária, e teve vários cruzamentos perigosos aos quais não foi dado o melhor seguimento, com o Maxi Pereira a estar em particular destaque neste aspecto. Talvez com um Cardozo (oportunidades de finalização perdidas por tentar puxar a bola para o pé esquerdo, ou por tentar dominar a bola em vez de finalizar de primeira) ou um Saviola numa noite mais inspirada na finalização pudessemos ter resolvido o assunto mais cedo, e evitado alguns cabelos brancos aos nossos adeptos. Quanto ao nosso adversário, obrigado agora a arriscar mais, mostrou não ter grandes opções para fazê-lo. As substituições que fez foram directas, ou seja, os jogadores que entraram foram jogar exactamente para as mesmas posições daqueles que substituíram. E quanto a chegar à nossa baliza, continuou a ser a mesma coisa, isto é, aproveitarem qualquer livre assinalado, mesmo que fosse sobre a linha do meio campo, para despejar a bola para a grande área. Este método apenas lhes proporcionou uma ocasião em que causaram alguma preocupação, em que um dos centrais conseguiu aparecer a cabecear cruzado ao segundo poste. De resto, foram inofensivos, e não conseguiram sequer ameaçar poderem chegar ao empate. Mesmo nos quinze minutos finais, em que o Benfica adoptou uma atitude mais realista e decidiu baixar as linhas, apostando em segurar a vantagem em vez de procurar com insistência o segundo golo, os bácoros não conseguiram criar qualquer ocasião de perigo, tendo o Quim sido praticamente mais um espectador. Marcarmos o segundo golo teria sido importante, mas foi com a vantagem mínima que o jogo terminou.

Não foi um jogo propício a grandes exibições, já que nunca houve muito espaço para se jogar. Se tenho que fazer alguns destaques, começo pelo Luisão. Quanto mais não seja pelo golo decisivo. O nosso capitão voltou a surgir num jogo decisivo para marcar o golo que nos deu a vitória, e lançar-nos ainda mais para a conquista do campeonato. Mas para além disso, esteve sempre seguro na defesa, como é seu timbre. O Fábio Coentrão voltou a mostrar estar num momento de forma excelente, parecendo completamente adaptado às funções de lateral esquerdo. Aliás, duvido que haja algum lateral esquerdo de raiz em Portugal que neste momento faça melhor a posição do que ele. Muito bom jogo do Ramires, enquanto esteve em campo, tendo-me mesmo surpreendido a sua substituição. Gostei também muito do Javi García, que foi um guerreiro na luta do meio campo e, como é habitual, ganhou e recuperou inúmeras bolas. Conforme disse, e apesar de terem trabalhado muito, o Saviola e o Cardozo não estiveram felizes na finalização. E o Di María esteve demasiado discreto num jogo em que eu esperava que desequilibrasse mais.

Acabámos de completar uma volta inteira sem derrotas. Temos seis pontos de vantagem, faltam seis jogos para terminar a Liga. Ainda há muito trabalho pela frente, ainda teremos que sofrer bastante até final e manter a concentração, mas ficámos agora muito mais perto do grande objectivo para esta época. O título será a única recompensa justa para uma época que tem sido, até agora, brilhante.



in Tertúlia Benfiquista

Ia escrever a minha análise do jogo, mas o D' Arcy fez uma análise tão perfeita que coloco a dele aqui.

Ressalvo apenas alguns aspectos:

1º Que o Braga não fez mesmo por vencer o jogo. Procurou manter sim o 3 pontos de diferença na esperança que o Porto lhes desse o campeonato. O Benfica lutou sempre pelo seu objectivo, que é vencer sempre! Lutou e conquistou o almejado golo num lance do bola parada com sorte. A verdade é que criamos não uma nem duas chances de golo. Foram várias as hipóteses! Várias desperdiçadas, outras tiradas como pão da boca de Saviola e Cardozo.

2º As Grandes exibições de jogadores do Benfica!

Quim - Enorme é o adjectivo! Sempre seguro e a mostrar que é o melhor guardião em Portugal. Mostrou em campo como o guarda redes deve ser seguro e saber gerir o jogo. Mostrou a Queiroz que deveria ser o seu 12 na baliza das quinas.

Coentrão - Excelente nos 90 minutos. Mostrou que para além de bem dotado tecnicamente se consegue adapta magnificamente à posição de defesa esquerdo. Esteve brilhante a defender e excelente a atacar. Recuperou muitas bolas.

David Luis - Implacável é a palavra! Excelente a recuperar jogo, a defender e a sair a jogar. Para mim, é mesmo o melhor central a actuar em Portugal.

Luisão - Tal como em 2004 marca um golo que pode decidir o campeonato. Bem a defender, apenas me lembro de uma falha enorme que David Luis salvou.

Maxi - O homem tem de ter mais de 2 pulmões. Muito corre o rapaz! Sobe bem, entrega bem e agora começou a rematar de longe, o que o torna mais jogador ainda.

Javi - Imponente como sempre. Brilhante a preencher espaços, inteligente a cortar jogadas e implacável na marcação.

Martins - Como sempre, lutou até ter pulmão. Dinamizou muito o ataque e forçou o Braga a recuperar rápido temendo o seu pontapé de meia distância. Recuperou imensas bolas e está inocente no lance da lesão de Mossoró, pois apenas joga a bola.

Aimar - Entrou e mexeu com o jogo como é seu hábito. Hábil a soltar e distribuir bola, eficaz nas entradas na área.

Cardozo - Com dois centrais fortes, debateu-se bem e procurou ajudar a equipa. Foi buscar muitas bolas atrás, chegou-se mais à linha na 2ª parte para dar espaço a Aimar e teve nos pés várias oportunidades... pena que a maioria tenha chegado ao pé direito e não ao esquerdo.

Saviola - Esteve em dúvida a semana toda, mas sempre achei que jogaria. Este ao seu nível em todos os aspectos, ou seja, brilhante e bem acima da média. Apenas falhou no capítulo da finalização, mas nem sempre pode estás perfeito.

Ruben Amorim - Pratico e eficaz como sempre. Aparecia em todo o lado no pouco tempo que esteve em jogo. Entrou claramente para poupar Ramires para o jogo com o Liverpool.

Kardec - Jogou muito pouco tempo para avaliação.

3º Falta de criatividade do Braga - Foi sempre uma equipa contida, muito mais preocupada em anular o Benfica que em construir jogo. Acordou um pouco na segunda metade da segunda parte, mas desceu à terra quando foi sacudida pelas investidas do Benfica.

4º Jesus - Muitos criticaram as criticas e as bocas antes do jogo, mas como diria o Mourinho, é um mind game. Na conferência de imprensa esteve muito bem, só achei que a história de paternidade da qualidade de jogo de Braga já é um pouco demais. Mas mesmo assim, é mais um mind game para assombrar o Domingos.

5º Domingos - É triste ver alguém a protestar por 7 segundos... Além disso, dizer que o jogo foi equilibrado só pode ser um pro forma de discurso de treinador...

6ª Adeptos - Ter o estádio cheio num jogo importante como este era fundamental e os adeptos reagiram em massa! Soube de muitos que já foram tarde para comprar ingressos. Mas mais importante é ver os 62 mil adeptos benfiquistas a gritar pelo seu clube os 90 minutos!

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