domingo, 13 de janeiro de 2013

Clube do Regime 4


in: http://almabenfiquista.tumblr.com/10

A Verdade

Sabia que…
Há pequenos episódios curiosos da história do Benfica, desde as mais
inacreditáveis repetições de jogos à marcação dos encontros para datas
“impossíveis”, passando pela não utilização do Estádio da Luz para
encontros internacionais e finais da Taça de Portugal.
Mas comecemos por duas medidas internas de alto significado…

Sabia que…

-Em Janeiro de 1909, o Benfica derrotou o Sporting (2-1), através de uma grande penalidade muito polémica, assinalada pelo árbitro, de nacionalidade inglesa, o Sporting protestou e o Benfica solicitou à Liga a anulação do jogo, pedido que não foi satisfeito mas que demonstra o desportivismo do Clube?

-Aquando dos primeiros jogos do Benfica no estrangeiro (1911), o médio Artur José Pereira, muito poderoso fisicamente e que era alvo para os espanhóis desde o primeiro encontro, já não suportou mais e, no último desafio, injuriou um dos adversários (“na presença de algumas damas que assistiam ao jogo”), sendo expulso do campo pelo próprio capitão da equipa Cosme Damião, só tendo mais tarde assistido ao banquete final por interferência conciliadora dos dirigentes do Corunha?

-Um dos primeiros grandes escândalos do futebol português deu-se na última jornada do campeonato de 1938/39, num célebre FC Porto-Benfica que estava empatado 3-3 quando, a um minuto do fim, na sequência de um canto, o Benfica marcou o quarto golo, que lhe daria o triunfo e o título nacional (o quarto consecutivo), mas o árbitro anulou, sem que se vislumbrasse qualquer falta, como aliás, uma célebre foto publicada na revista Stadium confirmaria?
-Em 1939/40, o Campeonato Nacional passou de oito para dez clubes, a título excepcional, pois o FC Porto fora apenas terceiro no Campeonato Regional e só os dois primeiros tinham acesso à competição, valendo então a votação das restantes associações regionais (nomeadamente a de Lisboa), que viabilizaram o alargamento, de forma a permitir a participação da equipa do FC Porto?
Em 1941/42, o FC Porto voltou a ser terceiro e novamente foi alargada a competição.

Até 1946/47, o acesso ao Campeonato da I Divisão dependia das classificações dos Campeonatos Regionais, só na época seguinte se tendo iniciado o modelo das subidas e descidas de divisão.

-Inaugurado em 1954, só em 1971 o Estádio da Luz assistiu ao primeiro jogo da selecção nacional, numa época em que a maioria dos jogadores que a compunham eram do Benfica, enquanto, nesses 17 anos, o Estádio das Antas teve oito jogos da selecção, o de Alvalade quatro e o do Restelo um?
-O Benfica teve que jogar (sendo naturalmente eliminado) um encontro da Taça de Portugal em Setúbal, frente ao Vitória, a 1 de Junho de 1962, no dia seguinte à primeira vitória na Taça dos Campeões Europeus (3-2 ao Barcelona), quando os 15 melhores jogadores (11 titulares e 4 suplentes) faziam a viagem de Berna para Lisboa?
-O Benfica foi forçado a repetir o jogo Belenenses-Benfica do campeonato de 1958/59, da 19ª jornada (a sete do fim), na quinta-feira anterior ao jogo decisivo frente à Cuf (última jornada) e quatro dias depois de se ter deslocado a Alvalade (penúltima jornada), quando, a seguir ao campeonato, os clubes da I Divisão estiveram duas semanas sem jogar, à espera que terminasse a II Divisão, para disputarem a Taça de Portugal?

-O Benfica foi forçado a repetir (por se considerar que aquando de uma substituição chegara a ter 12 elementos em campo!) o jogo Sanjoanense-Benfica (0-2) da 4ª jornada do campeonato de 1968/69 sete (!) meses depois, na semana da última jornada, durante a qual empatou em casa com o FC Porto (0-0), voltou a ganhar em S. João da Madeira (1-0) e foi a Tomar triunfar por 40 no jogo do título?
-Desde a criação, em 1938, da antiga Comissão Central de Árbitros, nunca o Benfica teve um seu associado como presidente da estrutura nacional da arbitragem?

-Desde a inauguração do Estádio Nacional (1946), a final da Taça de Portugal nunca se realizou na Luz, mas já teve um jogo em Alvalade e quatro nas Antas, três dos quais com a presença do FC Porto, que ganhou um e perdeu dois, com Leixões (1961) e Benfica (1983… em Agosto, no início da época seguinte!)?

- O Benfica para além de deter o maior número de título nacionais (31, contra 24 do FC Porto e 18 do Sporting), o Benfica é também o clube com maior número de segundos lugares (24), em igualdade com o FC Porto (o Sporting tem apenas 18). E apenas quatro vezes o Benfica ficou para lá do terceiro lugar, contra 14 vezes do Sporting e 17 do FC Porto.
O Benfica, a democracia e o estado novo
Ao contrário do que alguns querem fazer crer, nunca o Benfica foi o clube do regime deposto em 25 de Abril de 1974. Antes pelo contrário.
No Benfica já havia democracia quando ela chegou ao País (eram célebres as assembleias gerais e as eleições no Clube) e nele chegaram a lugares de destaque conhecidas figuras da oposição.
Além disso, o Benfica inaugurou campos a 5 de Outubro e não a 28 de Maio, como outros o fizeram!… “O Benfica era o clube do Regime”. Este é um dos ataques de que o Benfica continua a ser vítima, relacionando o clube com o Estado Novo, regime que vigorou em Portugal entre 1926 e 1974. Nada mais falso.
O Benfica foi mesmo o clube que menos ligações teve com a ditadura e que mais dores de cabeça provocou a Salazar. Embora, nos últimos anos, por via das suas vitórias europeias e de ter Eusébio nas suas fileiras, tivesse dado bastante jeito ao regime, a propósito da sua política ultramarina.
O Benfica nunca se serviu do regime (antes pelo contrário); o Benfica foi aproveitado pelo regime, depois de por ele prejudicado ao longo de muitos anos.
Eleições democráticas Bastará recordar o facto de, num país onde vigorava uma ditadura e onde as eleições não eram livres, o Benfica ser um verdadeiro oásis, com as suas assembleias gerais bem concorridas e democráticas e com as eleições para escolha dos seus dirigentes, sempre muito participadas.
Ainda antes de haver democracia no País já ela era praticada no Benfica!
As raízes populares do Benfica, que têm a ver com a sua fundação (bem diferente da do Sporting, por exemplo), nunca deixaram de se fazer sentir. E, ao contrário do que se verifica nos outros clubes grandes (Sporting, FC Porto, até Belenenses), os sócios que ascenderam à presidência do clube são de vários extractos sociais, desde um operário (Manuel da Conceição Afonso) a um aristocrata (Duarte Borges Coutinho), um e outro grandes presidentes que passaram pelo Clube.
Mais que uma vez teve o Benfica declarados oposicionistas ao antigo Regime como presidentes, casos mais flagrantes do referido Manuel da Conceição Afonso, de Félix Bermudes e do capitão Júlio Ribeiro da Costa, que não se quis recandidatar, uma vez que reconheceu que a sua presença à frente do Clube estava a fazer com que este fosse seriamente prejudicado pelas entidades oficiais.
Recorde-se que, na altura, a organização desportiva nacional estava fortemente dependente dos organismos oficiais e, nomeadamente, da Direcção-Geral dos Desportos, na época, conhecida por “Direcção-Geral do Sporting”, tal a força que o clube de Alvalade nela tinha… Nela e em várias outras instâncias do anterior regime, como se pode apreciar através da composição do Conselho Leonino à data de 25 de Abril de 1974…
Outro exemplo elucidativo da distância que o Benfica mantinha do Estado Novo:
-O primeiro director do jornal do Benfica, entre 1942 e 1945, foi José Magalhães Godinho, conhecido oposicionista, que chegou mais tarde a presidente da Comissão Central do Clube.
Mas o Benfica teve também como dirigentes e sócios de relevo figuras afectas ao antigo Regime. No Clube não se faziam descriminações.
Sem campos de jogos, enquanto o Sporting nasceu rico e nunca teve problemas com os seus campos de jogos, em terrenos doados pelos seus aristocráticos fundadores, e o FC Porto foi bastante ajudado na construção dos seus estádios, o Benfica passou por inúmeras dificuldades, saltando de uns pontos para outros da cidade.
Teve que deixar o campo em Benfica em 1923 para a construção de uma rua de acesso à antiga Escola do Magistério Primário que só viria a ser uma realidade em… 1992!
Foi expropriado do seu campo das Amoreiras para construção do viaduto de acesso à auto-estrada para o Estádio Nacional, tendo então que arrendar o antigo campo do Sporting, no Campo Grande.
E só quase 50 anos depois da sua fundação conseguiu (e mesmo assim durante muitos anos a título precário) os terrenos na Luz, onde finalmente pode implantar o seu Estádio.
Uma questão de datas Curiosas (e reveladoras!) as datas simbólicas utilizadas pelos clubes. O Estádio das Antas foi inaugurado a 28 de Maio (de 1952), dia comemorativo da revolução que deu origem ao Estado Novo.
O antigo campo do Sporting que o Benfica viria a ocupar em 1941 ficava no topo do Campo Grande, então conhecido como Campo 28 de Maio. Não só o Benfica nunca assim o designou (era, simplesmente, o campo do Campo Grande) como o inaugurou a… 5 de Outubro, data comemorativa da implantação da República e bem pouco do agrado do regime que então dirigia o País!
E ainda… Há muitos outros exemplos que refutam claramente eventuais ligações do Benfica ao antigo Regime.
Desde as bandeiras do Benfica que substituíram as da antiga União Soviética (proibidas) aquando das manifestações populares que se seguiram à vitória aliada na II Guerra Mundial (1945) à proibição dos jornais falarem nos “vermelhos” quando se referiam ao Benfica, passando a denominá-los “encarnados”.
Desde o silenciamento progressivo do antigo hino do Clube, composto por Félix Bermudes em 1929, denominado “Avante pelo Benfica!” ao facto do Estádio da Luz apenas ter sido utilizado pela selecção nacional 17 anos depois da sua inauguração, em 1971, ao invés dos estádios do Sporting, FC Porto e Belenenses, que várias vezes viram neles jogar a selecção nacional.
Isso nas décadas de 50 e 60, quando a maioria dos jogadores da selecção era do Benfica! Era esta a “forte influência” do Benfica durante o Estado Novo?
Benfica campeão… em democracia.
Outro dos ataques feitos ao Benfica – e relacionado com a sua presumível ligação ao Estado Novo – é a dificuldade que o Benfica teria com a implantação da democracia em Portugal.
Como resposta, basta contar as vitórias nos Campeonatos Nacionais e Taças de Portugal nos 20 anos subsequentes ao 25 de Abril (1974-1994): Além disso, antes de 1994, o Benfica esteve em duas finais da Taça dos Campeões Europeus e numa final da Taça UEFA.
Nos 3 primeiros anos de democracia o Benfica foi campeão, garantindo o tri campeonato.
Desde 1975 até 1994, o clube venceu 11 campeonatos e 8 taças de Portugal.
Conclusão: O clube continuou a vencer embora a partir de 1994 o clube tenha entrado em problemas e cometido erros que provocaram um menor número de vitórias.
As dificuldades por que o Clube passou nos últimos anos (e das quais está a recuperar, como é bem visível) tiveram a ver essencialmente com aspectos internos… e com argumentos extra-desportivos utilizados por outros e que a justiça já está a averiguar…
Caso Inocêncio Calabote
Onde se recorda a célebre arbitragem do Benfica-Cuf (7-1) da última jornada do campeonato de 1958/59 (ganho pelo FC Porto), jogo que, diz-se agora, o árbitro terá prolongado por dez minutos, à espera de um golo que daria o título ao Benfica.
Nem o Benfica ganhou esse campeonato, nem o jogo demorou tanto: O árbitro deu não mais de três a quatro minutos de descontos, plenamente justificados pelas constantes perdas de tempo dos jogadores adversários.
Basta reler os jornais da época… Desde os anos oitenta, quando se acentuou o domínio do FC Porto sobre a arbitragem nacional, culminado, duas décadas depois, com a tardia “Operação Apito Dourado”, passou a ouvir falar-se muito no antigo árbitro Inocêncio Calabote e nos favores que teria feito ao Benfica num célebre jogo com a Cuf na última jornada do Campeonato Nacional de 1958/59 (22 de Março), terminado com o resultado de 7-1 e que teria tido, no dizer de quantos o recordam agora, dez minutos a mais, dados pelo árbitro à espera que o Benfica marcasse mais um golo que lhe daria o título.
Nada mais falso. Quando se chegou à 26ª e última jornada deste campeonato, marcado por inúmeros casos , FC Porto e Benfica estavam igualados em pontos e na primeira fórmula de desempate, já que haviam empatado os dois jogos entre ambos. O FC Porto tinha então uma vantagem de quatro golos na diferença total entre tentos marcados e sofridos, pelo que tudo se iria decidir na última jornada, nos jogos Torreense-FC Porto e Benfica-Cuf.
Apesar de uma e outra destas equipas estarem em perigo de descer de divisão (o Torriense desceu mesmo e a Cuf acabou por ter que disputar o então chamado Torneio de Competência com os melhores classificados da II Divisão), é muito natural que tanto os jogadores da Cuf como os do Torriense tenham tido prémios especiais (e secretos) para dificultarem a vida aos dois candidatos ao título.
Rádios acesos e… Seis minutos de atraso Sem televisão a transmitir, era através da rádio que, num e noutro campo, os adeptos iam seguindo a marcha dos marcadores.
E a grande questão, que dá origem a todos os exageros que hoje se propalam, residiu no facto de o jogo do Benfica ter começado seis minutos mais tarde que as tradicionais 15 horas, então o horário de início de todos os jogos.
A nossa equipa demorou a entrada em campo o mais que pode, de forma a poder vir a beneficiar do conhecimento do resultado em Torres Vedras, facto que levou a que o clube fosse então (justamente) multado.
Esses seis minutos (mais uns “pozinhos” no segundo tempo) juntos com os três a quatro minutos que o árbitro prolongou o jogo para compensar percas de tempo, levou a que o jogo da Luz tivesse terminado apenas mais de dez minutos depois do de Torres Vedras, tempo durante o qual a equipa do FC Porto esperou em pleno campo, para depois festejar a conquista do título.
E foi essa longa espera, superior a dez minutos, que deu origem à lenda-Calabote, que tão aproveitada (e distorcida) pelos anti-Benfica tem sido ao longo dos tempos.
O Benfica não foi em nada beneficiado com essa arbitragem. E o árbitro até teria tido todas as possibilidades de «dar» o título ao Benfica, já que o nosso clube marcou o seu último golo aos 38 minutos da segunda parte e, quando o jogo de Torres Vedras terminou, o Benfica ainda teve cerca de dez minutos (seis regulamentares e mais três a quatro de “descontos”) para marcar aquele que lhe daria o título.
O que disseram os jornais folheando os três jornais desportivos da época, nada faria supor que, várias décadas depois, o jogo fosse tão falado.
Vejamos o que então se escreveu sobre o tempo de desconto, não sem que antes, se recorde que, na altura, a missão dos árbitros era bem mais difícil, pois não havia cartões amarelos, o guarda-redes podia passear com a bola na grande área, batendo-a no chão as vezes que entendesse e a demora nos lançamentos da linha lateral não era castigada com lançamento a favor da equipa adversária.
Mas vejamos o que disseram os jornais.
Alfredo Farinha, em “A Bola”, foi bem claro: «O recurso sistemático aos pontapés para fora do rectângulo, a demora ostensiva na marcação dos livres e lançamentos de bola lateral, as simulações de lesões o uso e abuso, enfim, de todos esses vulgarizados meios de queimar tempo” (…) dificilmente encontram, no caso de ontem, outra justificação se não esta: a Cuf não jogou, exclusivamente, para si mas também para uma outra equipa (a do FC Porto) que estava à margem da luta travada na Luz.» Mais adiante, na apreciação ao trabalho do árbitro, acrescenta Alfredo Farinha: «No que se refere ao prolongamento de quatro minutos, cremos ter deixado, ao longo da crónica, justificação bastante para o critério do sr. Inocêncio alabote.»
No “Mundo Desportivo”, Guilhermino Rodrigues não comungava da mesma opinião, mas até considerou menor o tempo de desconto e acabou por o justificar: «Exagerado o período de três minutos que concedeu além do tempo regulamentar para contrabalançar os momentos gastos em propositada demora pelos cufistas.»
No “Record”, em crónica não assinada (um antigo hábito do jornal), uma outra opinião: «Deu quatro minutos (…) pela demora propositada dos jogadores da Cuf – alguns deles foram advertidos – na reposição da bola em jogo. Não compreendemos porque não usou do mesmo critério no final do primeiro tempo, dado que aquelas demoras se começaram a registar desde início.» Esclarecedor…
Dois “penalties” indiscutíveis Um só duvidoso A acrescentar à fantasia dos dez minutos de descontos, há também quem fale nas três grandes penalidades que o árbitro assinalou a favor do Benfica.
Os jornais foram unânimes em considerar indiscutíveis o primeiro e o terceiro e apenas o segundo deixou dúvidas.
“A Bola”: «Quanto aos “penalties”, não temos dúvida de que o primeiro e o terceiro existiram de facto; dúvidas temos, porém, quanto ao segundo, pois Cavém, ao que se nos afigurou, não foi derrubado por um adversário, antes foi ele próprio que se descontrolou e desequilibrou.»
“Record”: «Regular comportamento no julgamento das faltas. Só não concordamos com a segunda grande penalidade. A falta existiu, na verdade, mas só por ter sido executada fora de tempo merecia livre indirecto.»
“Mundo Desportivo” (a propósito do segundo penalty): «Cavém obstruído quando perseguia a bola dentro da área. A falta só exigia livre indirecto.” Já agora, recorde-se também a declaração de Cândido Tavares, treinador da Cuf, ao “Mundo Desportivo”: «O resultado justifica-se. Mas o árbitro foi demasiado longe na marcação das grandes penalidades. Não achei justo que assim sucedesse. Pena foi que não adoptasse agora no final o mesmo critério, não assinalando um autêntico “penalty” quando Durand derrubou Cavém. Era quanto a mim mais razoável.”
Elucidativo! Se o árbitro tivesse desejado “oferecer” o título ao Benfica teria tido flagrante oportunidade… Sem escândalo.
O que aqui se escreveu poderá ser facilmente consultado nos jornais da época. Não houve qualquer escândalo com a arbitragem de Inocêncio Calabote nesse Benfica-Cuf. O chamado caso-Calabote é uma grande mentira!
FC Porto marcou dois golos no fim e Torriense acabou com nov.
O outro jogo decisivo da última jornada deste campeonato de 1958/59 foi o Torreense-FC Porto.
O FC Porto entrou com quatro golos de vantagem sobre o Benfica (na decisiva diferença total de golos) mas, ao intervalo, o Benfica já estava em vantagem: ganhava por 5-0 à Cuf, enquanto o FC Porto vencia em Torres Vedras por 1-0.
Entretanto, na Luz o resultado foi fixado em 7-1 quando havia sete minutos para jogar, mas em Torres Vedras, a dois minutos do fim, o FC Porto fazia 2-0 e, a vinte segundos do final, Teixeira marcou o terceiro e decisivo golo.
O Benfica jogou ainda dez minutos, mas não conseguiu o golo que lhe faltava. O Torriense, que sofrera o primeiro golo quando tinha um jogador fora de campo, lesionado, jogou com dez jogadores, por expulsão de Manuel Carlos, desde os 20 minutos da segunda parte, e ainda viu ser expulso outro jogador a seguir ao 2-0 (por pontapear a bola para longe depois do golo), sofrendo o 3-0 quando já só tinha nove homens em campo.
Casos houve, pois, no jogo Torreense-FC Porto, com a arbitragem de Francisco Guiomar a ser contestada pelos jogadores locais… Uma época de “casos” O FC Porto foi campeão na época do injustamente célebre caso-Inocêncio Calabote.
Uma época repleta de casos, com manifesto prejuízo para o Benfica que, ao contrário do que se afirma, não dominava as estruturas do futebol (o presidente da Federação era o cap. Maia Loureiro, sportinguista) e muito menos a arbitragem, então dirigida por Coelho da Fonseca, associado do Belenenses, então um dos quatro “grandes” e que nesse ano foi terceiro, apenas a três pontos do FC Porto e do Benfica.
A parte final do campeonato foi renhidamente disputada entre Benfica e FC Porto e os casos “estranhos” foram então numerosos.
Recordemo-los resumidamente:
-Chino, influente extremo-direito do Benfica, foi na fase decisiva da competição castigado com cinco jogos de suspensão que mais tarde, quando estavam quase cumpridos, foram reduzidos a um!
-O Belenenses-Benfica, da 19ª jornada (a sete do fim), foi protestado pelo Belenenses, primeiro por lhes ter sido anulado um golo de canto directo, depois por uma questão da barreira defensiva do Benfica se ter ou não mexido antes de Matateu apontar um livre!
Pois o jogo foi mandado repetir na quinta-feira anterior ao jogo decisivo frente à Cuf (última jornada) e quatro dias depois do Benfica se ter deslocado a Alvalade (penúltima jornada). A seguir ao campeonato, os clubes da I Divisão estiveram duas semanas sem jogar, à espera que terminasse a II Divisão, para disputarem a Taça de Portugal!
Na repetição, Belenenses e Benfica voltaram a empatar (1-1) mas o desgaste foi enorme.
-A três jornadas do fim, o FC Porto, que estava com largo atraso do Benfica na (decisiva) diferença de golos, recebeu o Belenenses (então com uma das melhores equipas nacionais) e ganhou por “estranhos” 7-0.
Na penúltima jornada, o Sporting-Benfica (2-1) foi repleto de incidentes, com o Benfica a terminar com apenas nove jogadores (não havia substituições), por expulsão de Ângelo e lesão de Artur, colocado KO nas cenas de pugilato verificadas a dada altura.

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